Photo credit TonioMora on Visualhunt CC BY-NC-SA
Jonas entra no apartamento, enquanto Bete estirada no sofá, ainda com a roupa do escritório, assiste televisão. Oi amor. Oi! Ela diz exausta. Ele se junta a ela no sofá. Sabe que dia é hoje? Não, que dia? Hoje é a nossa noite, esqueceu? Com a dor de cabeça que eu to, não consigo nem pensar. Você não vai estragar nossa noite, vai?, ele pergunta com um olhar de reprovação. Eu já disse que tó morrendo de dor de cabeça, ela responde, olhando nos olhos dele.
Jonas levanta e começa a tirar a camisa. Engraçado que essa dor só vem na nossa noite. Já faz três semanas que isso acontece. Não vou esperar mais uma semana. O que posso fazer se a dor vem? O que você pode fazer? Transar comigo, é o que você pode fazer. Ou prefere que eu comece a transar com outras pessoas? Ela pensa que sim, mas não verbaliza.
Ele começa a beijar o pescoço dela. Qual é amor, eu te amo. Hoje é a nossa noite. Vamos brincar um pouquinho. Só um pouquinho, ela diz cedendo aos pedidos dele, só para não discutir mais uma noite.
O bar está cheio de adolescentes que mataram a última aula da tarde. Marcos mantém a marcação cerrada na Gabi. Ele diz algo no ouvido dela. Ela não compreende o que foi dito e o beija. Vem comigo, ele diz. Ela levanta trôpega e aceita a ajuda dele. Ele olha para Pedro do outro lado da mesa.
Eles seguem pelo corredor que dá no fundo do bar. Ela tomou duas brejas, mas não é a bebida que a deixa bêbada. No fim do corredor tem um banheiro. Marcos abre a porta e ela entra. Ele a senta no vaso e tira o shorts dela. Ela não entende o que está acontecendo.
Minutos depois, Marcos abre a porta e Pedro entra. Gabi está lá letárgica sentada no vaso, nua e de pernas abertas. Marcos cumprimenta os outros três amigos que estão na fila depois de Pedro.
Leninha está assistindo a televisão na sala com o ventilador de teto ligado. É noite, mas o calor é insuportável em Cuiabá nessa época do ano. Ela escuta a porta da cozinha abrir e torce para ser a mãe. Vai olhar quem é e encontra o tio Juca. O tio de meia-idade dá um sorriso amarelo para a menina. Ela fecha a cara.
Sua mãe não tá Leninha? Ela já tá chegando. E o seu pai? Daqui a pouco ele tá aqui. Enquanto eles não chegam faz um favor para o tio, diz indo na direção dela.
Leninha tem 11 anos, mas sabe bem que favor que seu tio quer. Não vou fazer nada, para você tio. Deixa de besteira menina, ele a puxa pelos cabelos. Sou seu tio e você tem que respeitar os mais velhos.
Com a mão livre ele abre a braguilha enquanto com a outra força Leninha a ajoelhar.
Agora seja boazinha e faça esse favor para o seu tio. Leninha pensa em se matar, enquanto abre a boca forçada pelo tio.
Beto, chegou em casa às três da tarde. Estava de volta depois de dias de viagem para levar uma carga até Manaus. Esperava encontrar alguém em casa, mas naquele horário o filho estava na escola e a mulher estava costurando para complementar a renda. Sentindo-se entediado resolveu ir ao bar.
Regressou cambaleando para casa, horas depois de cachaça, fumaça e jogo. Sônia ouve um barulho, vindo da rua. Ao ir ver o que era, encontra o marido bêbado na tentativa de abrir o portão. Ela vai até ele.
Beto, grita. Que recepção é essa, mulher? Você já volta bêbado para casa, e quer um comitê de boas-vindas? Beto dá um tapa em Sônia, que cai na soleira do portão. Me respeite, mulher. Por que não tava em casa?
Ela levanta e um soco lhe atinge a barriga. Você tá me traindo, sua vagabunda? Sônia se arrasta em direção a casa. Beto, cambaleando a segue. Ela não consegue fechar a porta e acaba caindo quando ele entra. A quantidade de tapas e socos desferidas por Beto, sangram ela.
Sônia não tem forças para reagir. Teme pelo filho de 6 anos, que está no quarto escondido debaixo da cama. Beto em cima de dela abre o zíper da calça. Já que você dá para todo mundo, agora é hora de dar para mim, que sou seu marido. Sônia não diz nada. Pensa em matar o marido, quando se recuperar. Talvez, nunca se recupere.
Há quinze minutos Ana esgotou suas alternativas para chegar a faculdade. Eram duas provas naquele dia. Os pais não estavam em casa, pois, o pai com um câncer de pâncreas precisou ir ao hospital. O último ônibus saiu a 15 minutos. O jeito era ir a pé cortando pela estrada da Matinha. Eram apenas 12 minutos andando até a faculdade.
A estrada era perigosa a noite. Não havia calçadas e a mata avançava no asfalto. A iluminação era esparsa. Ana seguia em seu passo célere até o fim do trecho de mata. Mais 300 metros e chegaria a venda do seu Zé.
Ela vê um homem vindo na direção oposta do outro lado da pista. Seu coração palpita. O homem passa por ela como se não a notasse. Porém, foi ela que não percebeu que o homem deu meia volta. Ele a agarrou, tampando-lhe a boca e prendendo seus braços. Ela desmaiou.
Ana recobrou os sentidos e percebeu que estava na mata, mas conseguia ver as luzes ao longe. Devia ser a venda do seu Zé. A sua boca estava tampada com um pedaço de pano, amarrada com silver tape. Os punhos roçavam no galho da árvore, onde estavam presos com enforca gatos. Sentia frio, pois, estava nua.
Viu a sua esquerda que o homem estava abaixado mexendo numa bolsa a alguns metros dela. Quando ele percebe que ela está acordada, pega a bolsa e vai à direção dela. Ela tenta soltar os punhos do galho. Ele chega próximo, tira um bastão da bolsa. Com o bastão, toca a intimidade dela. Ela luta com todas as forças para sair dali. Ele segue o seu ritual.
Uma dor visceral atravessa o corpo de Ana. Era como se um trem em alta velocidade entrasse pelo seu útero. Ela urra, mas o som é abafado pelo pano. Seu corpo grita e se agita, tentando fugir dali, mas ela não consegue. Ele continua indiferente a dor dela. Quando ele percebe que ela vai desmaiar, joga o bastão ensanguentado no chão.
Ele arranca a fita da boca dela e abre a braguilha. Ana não tem forças para gritar. Ela sente a mão dele esmagando seu pescoço. O olhar dela é de horror e se pergunta por que tinha que acabar assim? Ela sente sua vida se esvair enquanto ele com um sorriso demoníaco entra nela.
Em Brasília dezenove horas. Estamos começando mais um, A Voz do Brasil. O IPEA apresenta nova pesquisa sobre a violência contra a mulher. São registrados cinco estupros a cada sessenta minutos no Brasil.
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