Amanheci por volta das seis da manhã, e tão logo estava na estrada novamente. Aquele era a etapa 23 da minha jornada e fazia um frio acentuado.
Neste dia eu partia de Santa Catalina de Somoza e pretendia chegar a Riego de Ambros, porém, minha jornada terminou antes em El Acebo. Esta é uma etapa apenas de subida e seu ponto culminante esta na Cruz de Hierro ou Cruz de Ferro a 1504 metros de altitude.
Tomei meu café em El Ganso por volta das sete da manhã. O frio imperava. Encontrei algumas pessoas do jantar da noite anterior, comprei minhas laranjas e um vinho e cai na estrada novamente.
Na subida, palavras começaram a brotar em minha mente. Lágrimas caiam enquanto as palavras se encaixavam tal qual peças de um quebra cabeça. Quando me dei conta, estava ali um poema em forma de mensagem.
Em Foncebadón fiz uma parada e decidi passar para um papel aquela mensagem. Decidi que devia deixa-la na Cruz de Hierro.
Na hora, não sabia o por que, mas traduzi a mensagem para o inglês. No dia seguinte, descobri que a mensagem era para uma amiga especial, que chegou aos pés da Cruz e encontrou-a no meio de tantas outras.
Transcrevo aqui esse pequeno poema em forma mensagem, ou esta pequena mensagem em forma de poema.
Buscamos preencher a vida
com coisas para fazer,
com coisas para ter, e
com coisas para ser.
Mas depois de 600 km
basta andar para ver
que a vida já vem cheia.Então quando voltar para sua casa
preencha a vida com:
Amigos para conviver,
Olhos para contemplar,
Felicidade para compartilhar,
E pés para seguir em frente.Pois, a vida é curta, então aproveite!
foto: A chegada a Foncebadón