Categories: Contos

Café da tarde

A campainha toca. Dona Cândida vai à porta. Quem é? Sou eu o Beto. Os ferrolhos se mexem e porta abre. Boa tarde Candinha. Tarde Beto. Você chegou na hora do café. Senti o cheiro, lá da minha sala e não resisti, diz seu Humberto rindo. Está servido? Estou sim.

Os dois corpos envelhecidos se movem para cozinha. Há muitas décadas são vizinhos de apartamento, naqueles prédios sem porteiro ou síndico. O aroma do café toma toda a cozinha de assalto. Seu Humberto pega as xícaras no secador da pia. Dona Cândida termina de coar o café. Há biscoitos de mantecal saídos do forno, para acompanhar o café fresco.

Como está as coisas Candinha? Vai indo, Beto. Estou sentindo dores. Foi no Dr. Roberto? A menina marcou para mim. Temos que nos cuidar, já não temos mais vinte. Nem sessenta, Beto. Estamos ficando velho Candinha. Já estamos velhos. Os dois gargalham no café da tarde.

Vlad

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Vlad
Tags: prosa

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