Se tem uma coisa que representa o brasileiro não é o futebol, é o churrasco. A gente marca o futebol só pra ir ao churrasco. O churrasco circula por todas as classes sociais, seja no acém na laje da comunidade ou a picanha ao alho no espaço gourmet do condomínio. Presente em todos os estados, do tucunaré na brasa do Oiapoque à costela no bafo lá no Chuí. O bobô, acarajé e feijoada que me perdoem, mas a comida que se conecta a qualquer brasileiro é o churrasco.
Como um bom brasileiro que sou, amo carne e entendo de todos as suas diferenças e cortes. Então surgiu uma oportunidade para viajar e o primeiro destino seria Índia, onde eu poderia ser preso por cometer um canibalismo sagrado. Abri minha mente e meu paladar para viver sem carne. Assim se passaram dois meses entre uma pimenta e outra esfolando a hemorroida, em pratos dos quais eu nunca sabia o que tinha. A única certeza era que tinha pimenta, mas muita pimenta.
Da Índia segui para a Tailândia. Cheguei em Bangkok, sua capital, na véspera do Natal. Os tailandeses ou são budistas, ou muçulmanos. Não tem ceia de Natal. Resolvi caminhar pelas ruas apinhadas de tendas de camelôs organizados encontrei uma das melhores iguarias da culinária tailandesa: o churrasco de rua tailandês.
Espetos de porco, frango e carnes não reconhecidas pela mixaria de um real. O braseiro é montado na garupa da moto e um cheiro inigualável de carne na brasa. Ali entre os espetinhos que lembrei. Às vezes o Noel, velho batuta, presenteia os pobres.