No meu peito há muito tempo
Encarcerei um coração
Num baú de ferro e chumbo.
Toda luz cessou
todo amor secou
Uma escuridão surgiu
E um deserto de solidão cresceu.
O coração, vivendo na escuridão
já havia esquecido a sensação
de sentir e ouvir
outro coração
Certo dia um passarinho verde-castanho
Pousou no peito escuro e sombrio
E o coração lá no fundo o ouviu
No canto alegre do passarinho
O baú começou a sacudir
e o medo se instalou
Os dias passaram e a cada canto
As sacudidas aumentavam
Até que o baú se partiu
E lá dentro surgiu
Um coração de ouro, que iluminou
toda escuridão e que inundou
toda a solidão com o seu amor.