Lá no alto
perdão, para
todos os erros
O quarto dia, do Caminho Francês, tem como desafio atravessar a Serra Del Perdón que se encontra entre as cidades de Pamplona e Puente la Reina. O ponto mais elevado da serra é chamado Alto do Perdón, situado a 1020 metros de altura, depois dos campos de canola. No seu topo, cataventos eólicos geram energia. Durante essa caminhada, retomei uma reflexão muito antiga minha.
Por muitas ocasiões, acabamos presos em nossos muros de lamentações infinitas, que se retro-alimentam de nossos sentimentos de culpa. Não nos permitimos sair deste estado de penitência. Depois de muito refletir sobre como sair dessa situação, retomei um pensamento de Nietzsche.
Nietzsche afirma que os rumos que tomamos, são todos frutos das nossas escolhas, sejam conscientes e ativas ou inconscientes e passivas. Portanto, retomar para si o seu poder de escolha e começar a ter escolhas genuinamente suas, é um passo fundamental para ter uma vida mais plena.
O segundo ponto dessa reflexão é que em nossa evolução como humano, devemos aprender a ser menos exigentes conosco e a perdoar nós mesmos. Se perdoar é fundamental para podermos, nos transformar de verdade.
Precisamos aprender a nos perdoar e a escolher nossos caminhos. Conseguiremos, dessa maneira, vencer a nossa culpa interna. Isso é o primordial para perdoar ao outro. Afinal, como posso perdoar o outro se estou coberto de culpa?
No Alto do Perdón, percebi o quanto sempre me culpei por muitas coisas que aconteceram em minha vida e o quão exigente sempre fui comigo mesmo. Deixei de ver a beleza da vida, em muitos momentos, pela carga de cobrança que me colocava.
Lembrei da última sessão da terapia que fiz antes de ir para o caminho. Nela, descobri que por circunstâncias da vida, o meu senso de responsabilidade era muito maior do que o de uma criança normal. Isso me tornou um adulto precoce e uma pessoa que não se permitia ser descontraído, ou alegre. Afinal, eu tinha uma carga de responsabilidade, da qual eu havia de carregar.
Lá no topo, soltei as lagrimas represadas e pedi perdão pela criança oprimida que cresceu comigo. Ela não teve culpa da vida difícil que levou. Não teve culpa pela morte da mãe nem dos problemas familiares. Ela era só uma criança. A paz que invadiu o meu ser, era tão grande que ali perdoei minha mãe, por partir tão breve. Perdoei a todo aquele que me machucou em algum momento de minha vida.
Desapegar de tantos sentimentos, foi libertador. Desci a serra mais leve, dissipando ali toda aquela carga que carreguei por toda minha vida.
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