A campainha toca no 1701. A mulher está a porta. Está ansiosa e rói a unha. Abra logo. A sensação de desejo e proibido, arrepia lhe a nuca. Sente a presença da outra dentro do apartamento. A outra desfila, tocando o salto, no assoalho. Chega a porta e observa pelo olho de gato. Percebe o coração acelerado e a excitação do lado de fora. Logo vou dar a ela o que deseja, pensa. A mulher toca a campainha novamente. Abre a porta e sorri. Se beijam com desejo.
A noite avança lá fora.
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A sala do apartamento, tão desarrumada que está, se assemelha a uma trincheira de guerra. O homem está no sofá, caído como um combatente. Bebe uma cerveja gelada. A playlist toca e o som do chuveiro diminui. Ele tem pensamentos esparsos e difusos. Ela chega de roupão e toalha na cabeça. Os seus pensamentos se dissipam. Se olham cheios de malícia e desejo. Ela fica nua, dura e de cabelo molhado. Senta no colo dele e se beijam loucamente. Não vão chegar no quarto, talvez nem queriam.
O sol do almoço, arde lá fora.
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A varanda do duplex, cheia de vasos mortos e garrafas abandonadas, deixam espaço para a espreguiçadeira contemplar a vista. Ela alcança a espreguiçadeira. Acende um cigarro. Pensa nos corpos adormecidos na cama. Buscam em mim, o que não podem dar um ao outro. Ela quer o feminino, com um toque masculino. Ele, um toque masculino no feminino. E eu? Eu, posso dar um toque profundo nos dois.
O sol se põe na varanda do 1701.
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