Após passar no médico, resolvi dar uma volta pela cidade de Burgos. Ali próximo a minha hospedagem se encontra a Catedral de Burgos, igreja que começou a ser construída no século XIII.
A Catedral é enorme, deixando a Catedral da Sé em São Paulo no chinelo. Ela possui alguns pontos de destaque, como os altares das capelas, Maior, de Santa Ana, da Navidad e de Santa Tecla. Todos ornados a ouro. Além dos altares temos o destaque para o Cofre de El Cid, sim EL Cid era de Burgos, uma urna de madeira presa no alto da Capela de Corpus Christi.
De todas as capelas, a de Santa Tecla, foi a que me chamou atenção. Ali é o local onde são realizadas as missas regulares. Nessa capela está disposto um altar de 20 metros de altura, todo folheado de ouro. Ao centro do altar está Santa Tecla, sendo colocada na fogueira.
Segundo a história dessa Santa, consta que após ouvir uma pregação do Apóstolo Paulo, decidiu seguir o apóstolo e dedicar sua vida a Jesus. Porém, ela estava arranjada para casar. Vendo que a filha estava irredutível quanto ao casamento, a mãe a condena a fogueira.
Os relatos dos livros apócrifos dizem, que ao entrar no fogo e fazer um sinal da cruz, uma luz cercou Tecla e as chamas não conseguiram tocá-la. A seguir uma forte chuva de granizo apagou o fogo, o que fez seus torturadores dispersaram-se em pavor. Durante sua vida Tecla passou por outras provações, porém, conseguiu seu objetivo de se dedicar a pregação e ajudar os mais necessitados.
No topo do altar está a figura de Santiago Matamoros. Em minha pesquisa, descobri que este Santiago é o apostolo de Cristo, o Santiago de Compostela, porém, repaginado como patrono da Reconquista Cristã e unificação da Espanha. Segundo a lenda, Santiago apareceu em algumas batalhas entre espanhóis e mouros. Dai surge o nome Matamoros ou Mata-mouros. O Santiago do altar, está sobre um cavalo que passa por cima de dois árabes caídos no chão.
Enquanto estava ali a contemplar, pensei que o ouro daquele altar, era aquele retirado na América. Recordei da minha visita alguns anos atrás ao Peru e de como os Incas foram dizimados pelos espanhóis na busca desse ouro, que estava ali, no altar da paz.
A visão daquele dourado se converteu em sangue. Sangue dos incas mortos em tantas batalhas sangrentas. Dos mouros mortos na Reconquista Cristã. E dos próprios espanhóis, guiados por tiranos para batalhas surreais.
Não era possível sentir paz naquele altar, diante de tanta dor gerada para ergue-lo. Aquele sofrimento ainda estava lá e ecoava por toda a capela. Orei e pedi pelo alívio de todas as almas que ali estavam.
foto: Altar da Capela de Santa Tecla (Wikimedia Commons)
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