Sthamp

Era o fim da manhã e da feira. Dona Candida sobe os degraus com o carrinho de feira, com a ajuda do flanelinha Jonas que olha os carros ali perto. A senhora sempre descola uma moeda, diz Jonas. Ela agradece o rapaz e fecha a porta de entrada. Antes de chegar ao elevador pega suas contas na caixa do correio. Segue para o elevador de porta sanfonada rumo ao segundo andar.

Naquele minuto entre o térreo e o segundo andar, olha aquele bolo de propagandas que à enviam semanalmente. Como será que descobrem onde moro, pensa. Chega aquela fase da vida, é só as propagandas e contas que chegam. O elevador para no segundo andar ruidosamente.

A senhora arrasta o carrinho e as cartas pelo corredor, rumo a porta de sete trancas. Depois de abertas e fechadas, ela repousa as cartas sobre a espelheira da entrada e começar a guardar a feira.

O almoço poderia ter saído de um restaurante de algum chef cult francês, mas foi elaborado, executado e saboreado magistralmente por ela. Tudo acompanhado de uma boa taça de vinho branco.

Para finalizar, como sobremesa, uma dose de licor de cassis. Saboreado na poltrona da sala, enquanto limpa todas as propagandas da manhã. No último gole percebe algo diferente na pilha de propagandas.

Seu coração dispara. Não há dúvidas, o selo está em cirílico com o carimbo Moscow Sthamp, com a data de dois meses atrás. Sabe que se aquilo chegou, aconteceu o pior. A visão fica turva. Ela não ousa abrir a carta. O ar já lhe falta. Ela vai ao chão e a carta cai sobre a mesa.

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O caminhar e o meditar

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Juntos, mas livres

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